sábado, 21 de maio de 2016

Sobre a ansiedade que trago no peito.



.Sou mais uma, entre os milhões no mundo afora, que sofre de ansiedade.
Sempre sofri. Sem (de fato) "sofrer".

.Pois bem, aqui estou, num daqueles típicos momentos em que me pego pensando no que ainda não fiz. Nos livros colecionados, e nas histórias que ainda não escrevi. As viagens que estão por vir, nas amizades novas, nos distantes, e nos reencontros. Na proximidade tão desejada por quem o coração ama estar. Acolhendo com isso, o riso que fortalece os pés na estrada, onde faço pequenas pausas, e continuo à caminhar. Juntando em meio a jornada da vida, o combustível de delícias que inspiram os dias e me fazem otimista para continuar.

.Alterno os passos ligeiros, às vezes lentos, e morosos para todos os lugares inexplorados que tenho à desbravar. Por todas as trilhas, pedras e montanhas. O mergulho em mar aberto, e noites de sono no meio de uma grande pedra na cachoeira, cantarolando o som de águas, grilos, e sopro de uma brisa fresca à perpassar. No sol morno de novos horizontes, cujo os raios tímidos aquecem o coração, e dão ânimo para o percurso. Devolvendo o fôlego para a corrida de ainda outras mil milhas a experienciar.

.Às vezes penso no sucesso futuro, na casa que quero construir, no empreendimento ousado de repartir os espaços da vida (por toda a vida) com outra vida. No riso dos filhos que desejo recolher e abrigar. No jardim, e nas flores da floresta particular que ambiciono cultivar.


Existe anseio nesse peito, por ver florir as flores, e degustar os frutos, bem debaixo do fresquinho da sombra dos pomares que, tão minhas desejo, colher, e por eu mesma plantar.

Com as próprias mãos, sonho com o afofar da terra, e o desprender dos frutos da vide, para então, poder estender os braços, e alimentar os que um dia terei o prazer de educar.


.Passa tanto na minha mente. Vez e outra quando desligo o "timer", ligo o gatilho para "um" pensamento qualquer, que sem pedir, trás seu elenco, e quando pisco me vejo sonhando (de olhos abertos) completamente absorta, e compenetrada em devaneios reais.

.A minha ansiedade parece ser de alma, de um espírito que precisa viver mais do que as simples horas que o dia dá. De um inconsciente que deseja acordar a gritos um consciente surdo e quase mudo.

Meu anseio vem de todo amor preso ainda em mim, pela falta dos que sentiriam a profundidade do que sinto. Minha ânsia de viver é grande sim, mas não é do medo do dia seguinte, nem de lamentos do passado. Minha ansiedade vem do querer um agora mais intenso, mais brilhante e cheio de risos.

.Meus anseios me fazem fechar os olhos e ouvir as gargalhadas que moram em mim. Mesmo com toda a dor que eu conheço, existo para viver o sublime. Ao menos pra mim foi o que me permiti.
Minha ansiedade é ânsia de vida. Vontade de viver mais, não em anos, mas em intensidade e significação. Quanto tempo passamos, sem sentir aquele segundo, que finalmente faz a vida toda ter um significado?

.Meu frio no estômago é ânsia de consciência, de sentir os significados da vida. E às vezes (mesmo raro) devo me permitir um dia sem sentido, de monotonia ordinária pra pensar, pra divagar, e para organizar.

Mas, não! Não mesmo, esses momentos devem ser um "escape" para relaxar! Pois então, reconheço que devo (de vez em quando) deixar de lado a obsessão por controle, protocolos e rigor rígido. Por reconhecer que, mal possuo (sequer) maturidade para toda a organização com o qual me proponho à dissecar.


Esses momentos devem ser de paz! Por isso estarei deixando estar. E ser como deve ser. Em paz, e por paz.


Para finalmente, admitir à minha própria consciência, que minha ansiedade é uma grande e constante rebelião. De um espírito livre, pronto para mergulhar numa vida cheia de amor e realizações, com pessoas, lugares, sozinha,  em par - ou família.

.Minha ansiedade é de vida.
E o meu remédio é vida também!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Das praças


A praça, o pé da árvore, os ares, as histórias solitárias que por vezes e mais vezes se fez aqui. Pra deixar inflar os pulmões, pra passar a asfixia.
Pra pensar, pra ouvir, e pra orar. Sempre no mesmo estilo, do mesmo jeito. Sozinha. Entre ecos de passarinhos e ruídos urbanos, o pouco verde faz distrair a mente de todo cinza em redor. Do hostil, dos excessos, da surdes. Dos compromissos. Queria esquecer. Aqui eu esqueço, pra de paz em paz voltar, sem querer, mas por precisar.